quarta-feira, 9 de julho de 2008

OITO OU OITENTA

Foto/Arte: Derinha Rocha

DELE PARA ELA II .

Maior que a manhã é vê-la raiando cunhã com seu jeito pedinte no olhar. E a se esbaldar, é nela que o sol nasce dez vezes e se põe mais de mil vezes a cada instante com um fervor medonho, gritante, e eu dentro do sonho mais que galante marinheiro do mar.Maior que a tarde é vê-la ensaiando que invade com jeito ousado a se fartar. E se espalhar de oito a oitenta com as estações que inventa por mais de mil crepúsculos onde nem os menores escrúpulos sobrarão aos meus hereges e pagãos desejos dos meus desenfreados manejos sugando seu caldo e toda a mim submetida, como quem me entrega a vida e deixa tudo rolar.Maior que a noite é vê-la com todos açoites no seu jeito doce de se entregar. E retomar suada arguta leva e traz a pele disputa me exorcizar entre os seus seios e os sugo tão cheios de tanta vida, a me dar por guarida amadurecidos mamilos, exuberantes auréolas, onde jamais sequer eu vacilo e me aposso de sua alma etérea.Maior que o dia é vê-la gozando vadia com seu jeito tão plena em se dar. E a se arrepiar com minhas ásperas mãos sobre todos desvãos de sua arquitetura altaneira onde vou arrumar minha esteira adorando sua clepsidra vertendo a mais deliciosa cidra que é panacéia e é veneno. Não quero saber da odisséia nem quero sair do sereno.Maior que a vida é senti-la insana mendiga coração saindo pela boca, gritando feito louca a suplicar de emoção. É a hora da salvação onde já me condeno. Não faço por menos, quero seu inferno, onde o verso altivo e mais terno verte a poesia de vez. Na sua liquidez vez vem e me banha com o desaguar das suas entranhas sobre o poema de amar.

©Luiz Alberto Machado. Direitos reservados.
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