DELE PARA ELA IV
.
Tudo vai, tudo vem. Tudo vaivém. Tudo é vão. Tudo é senão água de bica que se solidifica e desmancha no ar. Tudo é bem algo mais, desde o miúdo ao farto graúdo, tudo é em vão. E então a asa desse avião me abraça tão cheia de graça como nunca mais. É sempre demais mesmo coisa tão simples no maior dos repiques do céu a voar. E já eu além de rapaz num vôo contumaz de viagem efêmera espremendo nas têmporas o pra frente e pra trás. De forma perspicaz ela me engole, xambrega e me bole no nosso carnaval. É festa carnal no pé do ouvido onde eu consigo nela bordejar. Trafegar na mão dupla contornando a drupa no maior sobe e desce. É quando se despe e ela decola, quase que se degola por seu bem-querer. E a bendizer, levanta a proa a provar furta boa no seu paladar. E a rebolar espalha a popa, se finca com a gota no maior vuque-vuque. Relaxo meu muque e aperto o cinto. Vou pro labirinto, um nirvana real. Divina colossal nossa etérea dança, ela nem mesmo se cansa nem entrega seus pontos. Bate firme no ponto, sem esmorecer. E eu a desfalecer batendo biela. É quando ela se esgoela na maior viagem, é tanta miragem de nem distinguir. É quando por fim, ela chega e aterrissa. E a gente desliza além do confim.
.